A coluna vertebral, apesar de passar
despercebida, precisa ser muito bem cuidada. Quem padece com suas dores sabe
direitinho o que significa isso. Se ela pifar, você definitivamente não
funciona. "A coluna é a viga mestra do organismo, pois permite que fiquemos
em pé. Nós só
somos bípedes graças a ela", lembra José Goldenberg, clínico e
reumatologista do Hospital Albert Einstein, autor do livro Coluna Ponto e
Vírgula. Goldenberg possui um dado alarmante que resume muito bem o quanto
maltratamos a nossa base de sustentação: 80% da população mundial teve, tem ou
terá alguma dor lombar durante a vida.
O pior da história é que a dor só aparece
quando o problema já está instalado há muito tempo, o que pode significar anos
e anos de maus hábitos. A consequência são problemas na coluna e dores
intermináveis. Nesse aspecto, parece que o sedentarismo moderno deu uma
mãozinha na involução da espécie.
Homo erectus
A coluna foi projetada para sustentar o peso do corpo todo, para permitir que
façamos movimentos imprescindíveis, como nos curvarmos ou nos virarmos e para
mantermos a posição ereta. Como se isso não bastasse, é por dentro de suas
estruturas ósseas que passa a medula espinhal, o gigante tronco nervoso do
corpo, de onde partem os nervos que levam e trazem mensagens entre o cérebro e
o restante do organismo. Imagine você que o comprimento da coluna vertebral
representa cerca de 40% da sua altura.
Os discos da coluna merecem uma menção honrosa. Localizados entre cada uma das
vértebras, sua estrutura tem um núcleo gelatinoso (mistura de proteínas e
água), que serve para amortecer o choque de um osso contra o outro. Quando
ocorre algum problema com o disco intervertebral, os ossos pinçam o nervo e a
pessoa sente dor.
Um jeito de cuidar bem dos discos é dormindo direito. Isso porque, durante o
dia, a água do disco fica sob pressão e faz uma migração de parte de seu
conteúdo para o corpo da vértebra. Durante o sono, onde a pressão diminui e os
músculos estão relaxados, o processo se inverte: a água migra do corpo da vértebra
para o disco, fazendo o caminho de volta e promovendo a recuperação necessária.
É por essas e outras que acordamos de manhã um pouco mais altos.
Dor nas costas
O mais importante é dizer aqui quais são as causas da dor que estão diretamente
ligadas ao nosso comportamento e de que maneira podemos evitá-las. "As
pessoas procuram descobrir as causas da dor e nunca encontram nada. Elas
acordam com dores nas costas e não se dão conta do colchão inadequado que usam,
reclamam de dores no pescoço e vertigens quando assistem TV deitadas na cama,
mas não percebem a hiperflexão do pescoço nessa posição", afirma o
quiropraxista australiano Jason Gilbert, em seu livro O Segredo da Coluna
Saudável.
Para não ter dores no futuro, é preciso rever diversos hábitos no presente.
Alguns deles não são tão óbvios nem parecem estar ligados à coluna - mas estão.
O tabagismo é um exemplo. Os fumantes têm mais dores nas costas devido à
inalação de substâncias tóxicas que prejudicam a circulação sanguínea no disco
intervertebral. O excesso de peso também é um inimigo da coluna. O peso extra,
quando concentrado na barriga, aumenta a sobrecarga nas costas. Por isso,
médicos estimam que pessoas com sobrepeso de 10 kg ou mais têm 25% mais
chance de sofrer com dores na coluna.
Praticar exercícios físicos, sempre com orientação profissional, também é uma
maneira de evitar a flacidez dos músculos e, com isso, a instabilidade e
fragilidade da coluna. Só tome muito cuidado com o tipo de exercício - estalar
o pescoço, por exemplo, parece ser um hábito que coloca a coluna no lugar e é
um perigo. Nunca faça isso em si mesmo, só permita que um profissional
capacitado o faça. "Por favor, pare de estalar a coluna e o pescoço.
Apesar de lhe dar um alívio por um curto período de tempo, você está
prejudicando sua saúde e suas articulações muito mais do que você pensa",
recomenda Jason Gilbert. "Quantos dos que estalam o pescoço sofrem de
dores de cabeça, zumbidos ou vertigens?", completa.
Uma questão de postura
Porém, até onde se sabe, o melhor jeito de cuidar bem do seu eixo principal é
prestando atenção na maneira como você senta, deita e se mexe. Existe uma
postura mais acertada até mesmo para o simples ato de caminhar na rua: a cabeça
alinhada aos ombros, relaxados, braços perto do corpo, cotovelos a 90 graus. E
ainda tênis adequados, pés bem apoiados no chão, olhos firmes no horizonte.
Os alongamentos diários também são um ótimo hábito preventivo. Ao alongarmos,
aumentamos o espaço entre as vértebras, na altura dos discos, evitando seu
achatamento. O exercício trabalha a musculatura e a postura corporal na parte
cervical (pescoço), coluna, membros e região pélvica (próximo à virilha),
toráxica e lombar (onde terminam as costas). Há exercícios de alongamento que
podem ser feitos em academias de ginástica ou ainda em aulas de ioga e Pilates
- essas últimas atividades se preocupam especificamente com essa prática.
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