Em outros casos, várias experiências científicas confirmam o poder terapêutico da música. Pacientes que acabam de ouvir Mozart se saem melhor em alguns tipos de testes de raciocínio que os que não ouviram música alguma ou ouviram música popular simples. O neurologista Oliver Sacks fala de um paciente gravemente retardado, que só era capaz de desempenhar tarefas complexas se ouvisse música. Isso acontece porque, para esse tipo de indivíduo, a música organiza o cérebro de uma forma que a experiência comum, caótica, não consegue fazer. Mas a música só pode ajudar um paciente com Parkinson se for de um tipo que corresponda ao seu gosto, afirma Jourdain. Música clássica poderia fazer maravilhas, num caso, enquanto em outro só um rock teria resultado. Isso mostra, acrescenta o pianista, que a música não funciona de forma passiva como remédio, mas exige que o paciente participe, gerando um fluxo de antecipações musicais. É mais ou menos o processo que acontece com qualquer bom ouvinte.
Jourdain vai além na comparação entre tipo de música e comportamento. Em anos recentes, conta ele, donos de lojas descobriram que transmitir música clássica para a rua afasta traficantes de drogas. E Mozart tem sido tocado em shopping centers europeus para expulsar adolescentes ociosos.
O ritmo mozartiano, segundo alguns pesquisadores, interfere positivamente na forma como os neurônios se comunicam, embora ninguém saiba ainda exatamente a razão de tal fenômeno. Mesmo sendo polêmica, a teoria mais considerada no meio científico argumenta que as ondas cerebrais se parecem muito com a música barroca. Daí, o efeito de “turbinamento” no poder cerebral, comprovado por testes de Q.I. feitos logo depois que o sujeito escuta Mozart.
O mesmo desempenho nunca foi repetido posteriormente em outros estudos, embora a professora Lois Hetland, da Faculdade de Educação da Universidade Harvard, tenha notado benefícios em uma parte dos ouvintes de Mozart. Ela concluiu que o som pode ajudar algumas pessoas. Tudo depende do gosto musical, de habilidades inatas e da bagagem cultural de cada um.



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